quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Quase todos os técnicos da seleção tiveram momentos grandiosos

Por Tostão, médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970.
Escrevi esta coluna antes das muitas partidas de ontem, pelas eliminatórias sul-americanas e europeias.

Um leitor, que não gostava de Dunga e que adora Tite e o titês, me lembrou, para ser justo, que a seleção, com Dunga, na vitória sobre a Argentina, também por 3 a 0, na final da Copa América de 2007, quando a Argentina era favorita, usou a mesma estratégia de Tite na quinta-feira, a de bloquear os espaços na intermediária do Brasil e contra-atacar com velocidade.

Lembro ainda que o Brasil teve momentos excepcionais com quase todos os treinadores. Felipão saiu aclamado pelo país, após a vitória sobre a Espanha, na final da Copa das Confederações de 2013, também por 3 a 0. Na final da Copa das Confederações de 2005, o Brasil, comandado por Parreira, também deu um banho de bola na Argentina, na vitória por 4 a 1.

Os desmemoriados e alguns obcecados pela tecnologia acham que o mundo começou com a internet e que o futebol brasileiro tem duas épocas, antes e depois de Tite.

Falta apenas um pouco mais de um ano e meio para a Copa de 2018. Não querendo ser pessimista, mas sendo, será que haverá Copa? Tenho receio por causa do terrorismo- a Rússia é bastante visada- e porque chegou à presidência dos EUA um homem delirante, falastrão, obsessivo, ambicioso, vaidoso, que deseja ficar na história, mesmo se for para cumprir algumas aberrações prometidas na campanha.

Pelo que tenho visto das principais seleções da Europa, o Brasil, se continuar com a ótima média de boas atuações, o que é provável, e se a Argentina se classificar e voltar a jogar bem, o que é também provável, as duas têm boas chances de conquistar o Mundial em 2018.

Isso sem falar no Uruguai, que tem um time muito competitivo, apesar de ter jogadores comuns no meio-campo e nas laterais.

França e Alemanha jogaram na Copa de 2014 com a mesma formação tática atual do Brasil, com um trio no meio-campo, formado por um volante centralizado e mais marcador, e um armador de cada lado, que marcam e atacam. Real Madrid, Barcelona e Bayern, as três melhores equipes do mundo, além da Espanha e de outros times, também atuam dessa forma. Não sei por qual razão França e Alemanha passaram a atuar com dois volantes em linha, três meias e um centroavante.

Pogba, que brilhou na Juventus, de uma área à outra, em um trio no meio-campo, como atua o Brasil, tem jogado de volante, ao lado de outro, na França, fora de suas características. O técnico Mourinho, do Manchester United, o escalou várias vezes de meia ofensivo, próximo ao centroavante. Até técnicos famosos da Europa confundem as funções de volante, meio-campista e meia ofensivo, o que é comum no Brasil.
Individualmente, o Brasil e todas as seleções mundiais mudaram em relação à Copa de 2014, para melhor ou pior. A seleção brasileira, mesmo em seus piores momentos, sempre teve uma boa geração, apesar de possuir apenas um fora de série do meio para frente. Porém, alguns jogadores têm evoluído. Quando há um bom conjunto, todos crescem.

Qualquer que tenha sido a atuação e o resultado de ontem, contra o Peru, há motivos para ficar otimista. Mas não podemos perder o senso crítico e achar que tudo que o excelente Tite fala, mesmo os lugares comuns, e tudo o que ele faz, mesmo as coisas rotineiras, são geniais.

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