terça-feira, 30 de agosto de 2016

Defesa de Dilma teve embates com adversários e afagos de aliados

A presidente afastada Dilma Rousseff faz nesta segunda-feira (29), no Senado, sua defesa no processo de impeachment. Depois de seu discurso inicial, a petista passou a responder a perguntas feitas pelos senadores, favoráveis e contrários ao impeachment.

Diferente do que analistas esperavam, não houve confusões e, no geral, o tom foi de cordialidade.

Os senadores que defendem a saída de Dilma reforçaram as acusações do processo de impeachment: de que a presidente afastada cometeu crime de responsabilidade ao desrespeitar a meta fiscal abrindo crédito sem autorização do Congresso e ao atrasar pagamentos do governo para bancos públicos nas chamadas "pedaladas fiscais".

Alguns ainda a acusaram de cometer "estelionato eleitoral" em 2014 e rejeitaram o rótulo de 'golpe' para o impeachment.

Já Dilma e seus aliados voltaram a negar que ela tenha cometido crimes e defenderam a legalidade de seus atos como presidente.

Veja os embates entre a petista e alguns de seus adversários e afagos feitos por aliados.

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OS ADVERSÁRIOS
ANTÔNIO ANASTASIA (PSDB-MG), relator do processo "Em 22 de julho, foi enviado ao Congresso Nacional o PLM 5, alterando a meta de R$ 55 bilhões para R$ 5 bilhões. Portanto, a partir desta data, a senhora já tinha plena consciência que a meta não seria mais cumprida.

Ainda assim, em 27 de julho, crédito [suplementar] foi aberto. Por que esse decreto foi assinado por Vossa Excelência, em evidente confronto com a meta?"

RESPOSTA DE DILMA
"Nós abrimos crédito suplementar por decreto porque a LOA [Lei Orçamentária Anual] autorizou. O último decreto que editamos é de 20 de agosto, e decisão do plenário [do Congresso], a única que conta, é de outubro.

Então a não ser que a gente passe a aceitar aqui a retroatividade da lei, fica muito difícil de dizer que há um crime de responsabilidade"


Senator Aecio Neves (R) speaks next to Senator Antonio Anastasia, rapporteur of the special senate committee during a voting session on the impeachment of President Dilma Rousseff in Brasilia, Brazil, August 29, 2016. REUTERS/Ueslei Marcelino ORG XMIT: BRA124
Senador Aécio Neves fala ao lado de Antonio Anastasia em sessão no Senado

AÉCIO NEVES (PSDB-MG), ex-candidato à Presidência

"Não poderia imaginar que depois do debate nos encontraríamos no Senado Federal nesta posição"
"Não é desonra alguma perder eleições, sobretudo quando se defende ideias e se cumpre a lei. Eu não diria o mesmo quando se vence as eleições faltando com a verdade e cometendo ilegalidades"
RESPOSTA DE DILMA
"Respeito todos que concorreram comigo. Agora, não respeito a eleição indireta que é produto de processo de impeachment sem crime de responsabilidade"
AÉCIO NEVES, ao comentar as respostas de Dilma
As respostas dela independem da pergunta. Como disse o Cássio (Cunha Lima), se você perguntar se ela pedalou ou se matou a Odete Roitman [personagem da novela 'Vale Tudo", de 1988] a resposta vai ser a mesma.

RONALDO CAIADO (DEM-GO), líder do DEM no Senado


Eduardo Anizelli/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 11-05-2016: O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), discursa durante sessao do impeachment da presidente Dilma Rousseff, no Senado Federal. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, PODER)

"Todos os bancos privados [envolvidos no Plano Safra] foram pagos mensalmente [...] Os bancos oficiais tiveram de bancar 60 bilhões de reais de pedalada."
"A opção do governo da senhora foi de emprestar dinheiro para países governados por tiranetes e penalizar os programas sociais."
RESPOSTA DE DILMA
"O Plano Safra é fundamentalmente executado pelo Banco do Brasil. Os bancos privados têm uma participação menor do que 10% no total dos empréstimos, e os demais bancos privados entram via BB. Não é possível dizer que nós tivemos um tratamento diferente."
"Na minha campanha era criminoso que o Brasil tivesse financiado o Porto de Mariel. O presidente Obama tem no registro do seu mandato, reestabelecer as relações comerciais com Cuba. [...] E o nosso Porto de Mariel é disputado por todo aqueles que querem investir em Cuba"
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MAGNO MALTA (PR-ES), senador

Presidente da Itatiaia, Victor Penna Costa, e senador Magno Malta em evento da empresa
O senador Magno Malta (à dir.)
"Quem mentiu no processo eleitoral? Foram os marqueteiros? A senhora não tinha as informações? A senhora mentiu no processo eleitoral?"
RESPOSTA DE DILMA
"Eu não menti no processo eleitoral, senhor senador. Mas não é possível que só nós [governo] prevíssemos a crise que estava por vir. Nós não temos uma bola de cristal. Ninguém sabia disso. [...] Ninguém controla a política do Banco Central americano. Não sabíamos que teríamos uma desvalorização tão grande do Real."
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ALOYSIO NUNES (PSDB), líder do governo Temer


Alan Marques - 11.mai.2016/Folhapress
Senador Aloysio Nunes Ferreira, novo líder do governo na Casa

"[O impeachment é um] golpe? Com supervisão do Supremo Tribunal Federal? Com a senhora exercendo todo o direito de defesa em todas as instâncias?
RESPOSTA DE DILMA
"Se me julgarem sem crime de responsabilidade, senador, é golpe. Um golpe integral"

OS ALIADOS

KÁTIA ABREU


Alan Marques/Folhapress
#multimidia - Brasilia,DF,Brasil 29.04.2016 Os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, da AGU, Jose Eduardo Cardozo, e da Agricultura, Katia Abreu, fazem a defesa da Dilma Rousseff na Comissao do Impeachment no Senado. Foto: Alan Marques/Folhapress 0619
O ex-ministros Nelson Barbosa, Kátia Abreu e José Eduardo Cardozo
"Não tenho dúvida que esse impeachment é um processo que nasceu da vingança sórdida de Eduardo Cunha e da ganância de um pequeno grupo pelo poder"

JORGE VIANNA (PT-AC)

"A oposição brasileira tem medo da palavra golpe. Ou é golpe ou é farsa [...] A oposição está sendo desleal com a Constituição"

ROBERTO REQUIÃO (PMDB-PR)

"Não é a presidente que está sendo julgada no Senado. É a democracia"

GLEISI HOFFMANN

"Aqui não tem tanques, não tem baionetas, não tem tortura física, mas não faltaram a tortura emocional, psicológica, política [...] A política não tem saias presidenta, por enquanto, não ainda. Ainda é um ambiente misógino"

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